Descrição enviada pela equipe de projeto. A Casa Golf está geograficamente localizada no centro do bairro Costa Esmeralda, 13 km ao norte da cidade de Pinamar.
O lote está situado na zona topograficamente mais elevada do bairro, beirando um campo de golf, o qual, juntamente com a vegetação nativa - grande maioria agreste - conforma seu entorno imediato. O terreno está originalmente confinado em uma duna virgem com inclinação que se eleva a medida que se afasta da rua, a qual o Estúdio se propôs preservar.
O requerimento consistiu em uma casa de descanso que pudesse ser vivenciada nas quatro estações do ano e que não necessitasse de muita manutenção. O programa deveria contemplar a disposição de três dormitórios secundários (dois deles com banheiro compartilhado e uma suíte) e outro principal, completamente independente dos anteriores, servido por um banheiro e vinculado abertamente à um espaço que pudesse ser vivenciado como estar íntimo e atelier de pintura.
Desejava-se que o lugar destinado ao casal fosse um reduto de calmaria que se conectasse visualmente com seu entorno natural e estivesse estritamente vinculado com uma expansão exterior. Este setor e aquele destinado as atividades sociais deveriam constituir os espaços protagonistas da moradia. Desta forma, manisfestou-se a intenção de preservar a vegetação nativa e de potencializar as imponentes vistas próprias do lote.
A proposta do Estúdio consistiu em uma casa inteiramente materializada em concreto aparente, material cuja nobre expressão estética permite um respeitoso diálogo com seu entorno.
A estratégia arquitetônica buscou organizar os distintos requerimentos funcionais em espaços bem diferenciados contidos em três volumes puros, direcionados segundo distintas orientações e dispostos em diferentes níveis.
O acesso e os dormitórios secundários conformaram o volume inferior, o qual foi, em seu extremo posterior, semi-enterrado na duna. Junto com uma caixa situada no seu lado oposto - depósito - estão os espaços destinados a dinâmica das atividades familiares. O terceiro volume, onde se encontra a suíte principal, tem altura máxima, gozando da intimidade requerida pelo cliente.
Em relação ao projeto como um todo, buscou-se o aproveitamento das vistas sem que isso repercutisse na perda da intimidade dos seus espaços, desafio próprio da arquitetura envidraçada contemporânea.
O volume visualmente mais permeável abrigaria as atividades da vida social, não somente pela transparência do seu envolvente mas também por sua disposição paralela à rua, contrária a dos outros volumes, que se dispuseram de maneira perpendicular, afastando-se do terreno.
O prisma que abriga as atividades sociais assumiu a largura máxima edificável e se elevou até à cota de maior altura da duna, situada na parte posterior do lote. Isto possibilitou um raio de vistas de 180 graus sobre o campo e golf, vistas abertas sobre o bairro e um adequado respeito à rua.
Para reforçar ainda mais a privacidade do seu espaço, houve um reflorestamento com pinos marítimos entre o terreno e a rua e se procedeu a disposição de brises verticais, que por sua contribuíram para a redução da incidência do sol a oeste no seu interior. Do mesmo modo, os brises horizontais - lajes em balanço - a protegem do sol vertical do norte, que unidos monoliticamente a divisórias verticais que cumprem o mesmo papel dos brises frontais. O volume superior com adequada independência, também atinge - como um canyon - as vistas do horizonte no mar.
A área social se expande, a frente, por meio de um terraço mirante. No sentido oposto, há outra expansão (de maiores dimensões e de caráter mais privado) aberta ao espaço de estar-jantar para o exterior. O volume da suíte, na sua maior parte, confere proteção solar e da chuva. Todos os terraços foram construídos em madeira, que contribuem para a redução da incidência solar dos espaços logo abaixo.
As faces menos ensolaradas (orientadas a sudeste) foram isoladas termicamente através de um revestimento interior feito de madeira. O mesmo recurso foi utilizado nas divisórias dos dormitórios, a fim de suavizar a aspereza do concreto nos locais mais íntimos.
Além do controle solar passivo, possível através da própria arquitetura, a fim de que a casa pudesse ser vivida confortavelmente durante todo o ano tal como o cliente solicitou - completou-se por meio do equipamento de sistemas de acondicionamento de ar, como split para refrigeração e piso aquecido para calefação.
A disposição dos prismas buscou configurar a casa como um artefato-mirante composto por volumes dispostos em torno de um eixo articulador: a circulação vertical. Seu entrecruzamento, somado ao parcial soterramento do volume da acesso busco diminuir a altura e atenuar o impacto visual da volumetria total. Os grandes vãos que esta configuração arquitetônica requeria somente foram possíveis graças às propriedades estruturais do concreto armado.